O problema é anterior. É de educação. Se as pessoas não forem
devidamente preparadas para o uso normal e racional do carro como um
instrumento de locomoção e não como significado de status (no Brasil, quem não
tem carro é “chinelão”), a tendência é de que continuemos a chorar os milhares
de mortos em acidentes de trânsito de toda a ordem. E existem duas formas de
implantar essa necessária educação. Uma é através do sistema de educação, onde
seja possível promover o devido preparo dos futuros motoristas, destacando suas
responsabilidades legais e morais para com o trânsito e para com as outras
pessoas. As crianças precisam aprender desde cedo que o carro serve para levar
de um lugar para outro e não representa sinônimo de riqueza ou importância
social. É apenas um veículo, que pode ter maior ou menor conforto, mas não
passa disso em qualquer circunstância.
A outra forma é implantar uma legislação forte e altamente
punitiva, com aplicação a todos os infratores, independente de classe social ou
procedência política. Vários países apresentam exemplos concretos de que essa
medida pode dar resultados positivos. Precisamos acabar com o paternalismo de,
por exemplo, exigir em lei que a autoridade informe onde existam ações
fiscalizadoras. Parece evidente que nesses locais ninguém cometerá infração de
qualquer espécie, tornando inócuo o trabalho fiscalizador. É a sublimação da
hipocrisia que assola nossa sociedade, onde um segmento faz que fiscaliza e o
outro faz de conta que é fiscalizado. Mas as mortes, nesse caso, são reais e
doloridas.
Ou tratamos com seriedade essa questão, abandonando
paternalismos para aplicar rigorosa legislação punitiva aos infratores, assim
como promovendo eficaz processo de educação dos motoristas, ou corremos o risco
imediato de um caos sem retorno diante do enorme contingente de veículos que se
integram ao trânsito diariamente, com seus motoristas despreparados, cientes da
impunidade e imaginando serem os donos do mundo por terem alcançado o sonho de
comprar um carro.
Com a palavra, as autoridades dessa área.
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