26 de mai. de 2006

E O DOENTE SOU EU (Isso é um conto?)

Que merda de barulheira é essa? A gente não pode nem descansar em paz que sempre tem uma porrada de gente falando e gritando e falando e enchendo o saco de caras que querem ficar quietos. Porra, isso é uma bosta de uma festa! Mas o que eu estou fazendo aqui? Que lugar é esse? E essa gente de merda, toda enfeitada e paramentada? Deve ser coisa de gente fina! Bom, se for isso, mais um motivo pra eu não estar aqui. Deve ser um sonho! Por via das dúvidas, vou tomar algum, que vai ser de graça mesmo, tanto faz ser no sonho ou na festa que eu não sei de quem é.
Mas aonde está o merda do garçon? Vou pegar mais um trago de alguma coisa que me deixe ainda mais tonto pra não ter que agüentar essa porra de barulho dessa gente de merda. Na real nem quero ficar tonto, porque já estou. Se não me acordassem da soneca ali no lado do sofá, já estaria quase bom. Se não beber, vou ter que vomitar no abajur! É só mais um trago bem forte que eu caio num canto e volto a dormir sossegado até passar a bebedeira.
Mas a bosta é essa dor de cabeça. Deve ser desse uísque de merda que estão servindo nessa casa dessa gente boçal. Devem ser daqueles merdas metidos a grã-finos que nem tem o que comer, mas todos os dias aparecem nas colunas sociais, a fulaninha filha do fulaninho, esposa do fulaninho foi vista no puta que o pariu com outra merdinha qualquer fazendo umas porras de umas compras que ela nem tem dinheiro pra pagar. Mas mantém as aparências nesse mundo idiota de faz de conta que essa gentinha vive.
E, depois, o doente sou eu que bebo e assumo e não entro nessa vidinha babaca em que os caras não tem grana pra pagar a gasolina mas andam de carrão importado. Como se a merda de quem tem muito dinheiro, anda vestido de grife e aparece nas colunas sociais, fedesse menos que a do mendigo que mora na rua. Ou a morte deles fosse diferente da minha, por exemplo. Ah, esse povinho não morre, falece. Puta que o pariu! Vão se catar e me consigam mais um gole. Olha que eu vomito no abajur!
Cadê a porra do garçon? É sempre assim. Quando a gente quer, os desgraçados nunca aparecem! Vivem enchendo o saco com aquelas bandejas com umas merdinhas cheias de frescuras pra comer, oferecendo a toda hora. Mas a bebida eles oferecem de vez em quando. Acho que a escondem pra beberem depois que os otários encherem a pança daquelas porcarias – que o pessoal vai pra festa é pra comer mesmo, ainda mais que é de graça, boca livre. Chinelagem geral!
É, mas enquanto eu vou pensando comigo mesmo essas porras todas, andando por esta mansão de merda lotada de malas, até parece convenção da Amway, não encontro um cara pra me servir uma dose. Nem precisa ter gelo. Vai a seco mesmo. Na situação em que estou, tudo é festa. É aquilo, quem está no inferno, abraça o diabo e o chama de meu bem (Notaram a colocação do pronome? O CHAMA. Corretinho, fazendo a porra da próclise (argh!) Devo estar bêbado mesmo. Como dizia, quem tá no inferno....)
Falando nisso, acho que acabou a merda por aqui. Só tem mulher falcatrua falando no novo cabelo, do vestido daquela porra de grife que eu nunca me lembro, da calça daquela outra grife de merda, da bundinha do cara, e outras porcarias desse tipo enquanto os caras de gravata e terno e aquela pompa falam circunspectos (argh, de novo!) sobre futebol, política, economia (e essa do ministro, agora. Será que o Lula se safa? Como se eles fossem resolver esses problemas ou estivessem interessados nisso ou não fossem eles mesmos responsáveis por muitas dessas nabas que são manchetes de jornais todos os dias – pura falcatruagem!) e até contam piadas sem graça e riem de forma contida pois não fica bem dar uma gargalha numa festa. Isso só faz aumentar a minha ânsia de vômito. Te cuida, abajur! Que porra de vida de faz de conta que esses caras levam. Tenho vontade de chegar no meio de um bolinho desse e soltar um pum, daqueles bem brabos, pedir desculpas e sair dando gargalhadas. Que gente hipócrita! Vivem em função do que aparentam ou querem aparentar. Nunca são eles mesmos. Vão se foder!!
E o garçon? O meu, vem cá. Vai pra puta que o pariu! Quero um trago da merda que tem nessa garrafa. Não interessa se é pro Doutor Fulano. Ele que se foda! É o dono da casa? Que se foda de novo. Está atrás de mim, então muito prazer! Acabei de mandar o senhor se foder. Agora me dê licença que tenho de tomar um trago dessa porra aí pra amenizar um pouco a dor de cabeça que o uísque barato que servem nessa festa me deu, além do papo xarope dessa gente que o senhor convidou, que não dá pra agüentar! O que? Eu tenho que sair? O senhor não me conhece não fui convidado? Normal! Não imaginava ser convidado pra uma merda de festa como essa, cheia de gente falsa e falsificada, que fala de um mundo em que não vivem, tomam uísque de quinta categoria fazendo de conta que é 21 anos (azul, black, o caralho!) e, além de tudo, não têm a mínima educação. Claro, estou bêbado! Mas não perdi a lucidez, a inteligência e o bom senso.
Vá se foder com essa sua falsa educação, pois tá louco pra me mandar a merda, mas não tem coragem de ofender os ouvidinhos de seus convidados hipócritas como o senhor. Acho que tem mais é que me botar pra rua mesmo, pois aqui não tem lugar pra porra da lucidez. É melhor viver nessa vidinha falsa do que ter um chato bêbado pra incomodar, revirando as merdas das suas vidas. Mas antes de sair, quero dizer o seguinte: Acabei de tomar toda a garrafa que o merda desse garçon levava pro senhor.
Tá, sei onde fica a porra da porta, não precisa empurrar, pô! Olha a elegância! Pro seu governo, amanhã eu vou estar curado da bebedeira. Já o senhor e essa merda dessa gente aí vão continuar os mesmos falsos e hipócritas de hoje, vivendo essa vida de falsidades, achando que isso é a realidade. Daí eu lhe pergunto: É melhor ficar bêbado por um dia sem perder a lucidez ou viver chapado de falsidades pra sempre?
Tchau pra vocês! Vão chamar a polícia o caralho!
Pode ser que não fique ninguém na festa! Ah, ah, ah!
Eu bato a porra dessa porta sim!
Fodam-se!

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